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O ideal democrático
 
 
 
Segundo Marilena Chaui, professora e intelectual brasileira, o cenário democrático caracteriza-se pela presença de três personagens imprescindíveis: a diversidade dos discursos, a circulação livre das informações e a rotatividade do poder. Trataremos aqui apenas do primeiro personagem desta trama política.
Ao contrário dos regimes autoritários, nos quais o poder se confunde com uma pessoa ou grupo privilegiado de pessoas, na democracia o poder não se confunde com aquele que o detém, e não se impõe à maioria pela coerção física.
   
   
  Atenas  
 
 
 
Por essa razão, a sua legitimidade não repousa senão no enfrentamento verbal, no debate das idéias. O ideal democrático supõe o conflito dos discursos, a divergência de pensamentos. Tanto que, o fim do conflito, entendido como o embate de diferentes pontos de vistas, é a morte da democracia.
   
   
  Manifestação Popular  
 
 
 
É, por conseqüência, incompatível com o ideal democrático, a censura, cuja função é de eliminar a diversidade de opiniões. Não por acaso, os regimes autoritários são conhecidos por proibirem a livre circulação de livros, peças de teatro e músicas considerados subversivos e contrários à “ordem”.
  Leitura complementar: A autoridade
“Visto que a autoridade sempre exige obediência, ela é comumente confundida como alguma forma de poder ou violência. Contudo, a autoridade exclui a utilização de meios externos de coerção; onde a força é usada, a autoridade em si mesma fracassou. A autoridade, por outro lado, é incompatível com a persuasão, a qual pressupõe igualdade e opera mediante um processo de argumentação. Onde se utilizam argumentos a autoridade é colocada em suspenso. Contra a ordem igualitária da persuasão ergue-se a ordem autoritária, que é sempre hierárquica. Se a autoridade deve ser definida de alguma forma, deve sê-lo, então, tanto em contraposição à coerção pela força como à persuasão através de argumentos. (...) A autoridade implica uma obediência na qual os homens retêm sua liberdade...”( Hannah Arendt)