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A Igreja
 
 
 
Ao longo de sua existência, a Igreja Católica, acumulou um poder fantástico, que derivava tanto de sua enorme riqueza material quanto da influência espiritual que exercia sobre as pessoas. Um bom exemplo disso está no papel que desempenhou durante a Idade Média, como organizadora do pensamento e da cultura.
 
 
 
O Concílio de Nicéia, realizado em 325, estabeleceu a igualdade entre os patriarcas (chefes espirituais) de Jerusalém, Alexandria, Antióquia e Roma. Em 455, com a publicação do Edito da Supremacia Papal, pelo imperador Valentiniano III, o bispo de Roma assume a chefia de toda a Igreja, adotando o nome de Leão I e tornando-se o primeiro papa da cristandade. Na mesma época, ficou definida a distinção entre poder temporal, exercido basicamente pelos reis, e poder espiritual, exercido pelo clero. Esses dois poderes, apesar de distintos, na prática, sempre se confundiram, devido às interferências da Igreja nos negócios terrenos e dos reis nos assuntos religiosos.
   
   
  Mosteiro  
 
 
 
Durante a Alta Idade Média a ascensão da Igreja foi vertiginosa. Em seu pontificado (590-604) o papa Gregório I contribuiu muito para a ampliação do poder papal, pois converteu extensas regiões bárbaras ao cristianismo, estabeleceu os direitos e as obrigações do clero e estimulou a fé por meio do canto gregoriano. Por volta da metade do século VIII, grande parte da Europa ocidental estava sob influência da Igreja de Roma.
O CLERO SECULAR E O CLERO REGULAR
A Igreja já possuía uma organização definida por volta do século III, com a estruturação do clero secular e o surgimento do clero regular.
No início do período medieval, a principal função da Igreja foi converter bárbaros ao cristianismo e integrá-los aos romanos. Isso lhe garantiu um crescente prestígio e permitiu que assumisse, nos novos reinos formados, além do controle espiritual, diversas atribuições políticas, administrativas e culturais. Dessa forma, o clero, que deveria se dedicar apenas à religião, passou a se envolver também com questões seculares, ou mundanas.
 
 
 
A atividade do clero secular estava, portanto, ligada às coisas terrenas, e boa parte dele estava envolvida com problemas administrativos das propriedades da Igreja, o que contribuiu para a degeneração dos costumes do clero e seu afastamento do espírito religioso.O clero regular nasceu por volta do século III, e era constituído por monges que se recolhiam em mosteiros.
 
 
 
A principal figura da vida monástica medieval foi Bento de Núrsia, ou São Bento (480-543). Ele foi o criador da ordem dos Beneditinos, que serviria de base para todas as outras ordens monásticas surgidas no ocidente. A Regra de São Bento, definida em 534, determinava que os monges deveriam viver em comunidade nos mosteiros, dedicando-se à oração e ao trabalho (de caráter agrícola, artesanal, cultural e educativo) e ainda tinham como obrigação dar hospedagem a peregrinos e viajantes. Eles deveriam ainda fazer votos de pobreza, castidade e obediência ao abade.Os mosteiros tornaram-se pólos culturais na Idade Média. Os monges realizaram um trabalho de compilação das obras de escritores da antigüidade greco-romana e preservaram-nas em suas bibliotecas.
   
   
  Copista: Monge Copista  
 
 
 
De acordo com a regra de São Bento, os abades deveriam ser eleitos pelos monges. Com o tempo, porém, os senhores feudais começaram a interferir nessa escolha, principalmente no caso de mosteiros localizados em seus domínios. Isso acabou levando ao desregramento do clero regular. Para acabar com esses abusos, surgiram diversos movimentos reformistas. Os principais movimentos ocorreram na abadia de Cluny, na Ordem dos Cartuxos, e entre os monges de Cister. Esses movimentos procuravam recuperar o espírito original da vida monástica e garantir a autonomia da Igreja, acabando com a interferência do poder temporal na rotina dos mosteiros.