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Relações entre partes do texto
 
 
 
As informações de um texto se inter-relacionam de diferentes maneiras. Quando, por exemplo, nos desculpamos com um amigo dizendo: "não pude ir ao seu casamento porque estava doente", estabelecemos entre as informações do texto uma relação de causa e efeito. Um dos elementos que nos permitem identificar tal relação é a presença da conjunção porque. A conjunção, então, é a palavra responsável pela articulação das frases do texto. Estudaremos, a seguir, algumas maneiras de relacionarmos as informações, por meio destes articuladores responsáveis pela coesão textual.
 
 
 
Texto A

"Uma das principais características da História Moderna foi, sem dúvida, o surgimento e a consolidação dos Estados nacionais. Se compararmos o mapa da Europa medieval do ano 1200 com o da Europa à época de Napoleão, notaremos mudanças significativas na fisionomia desse continente..." ( História Moderna e Contemporânea, Carlos Miguel Mota)

   
   
  NapoleÆo Bonaparte  
 
 
 
Observe que a conjunção se estabelece uma relação de condição entre as informações do texto. Em outros termos, pode-se afirmar que não notaremos mudanças significativas na fisionomia do continente europeu, senão sob a condição de "...compararmos o mapa da Europa medieval do ano 1200 com o da Europa à época de Napoleão...".
 
 
 
Texto B

" Há duas espécies de jogo: o dos cavalheiros e dos crápulas. Há quem os distinga com muita severidade; todavia, e para falar a verdade, que tolice tal distinção! ( O Jogador, Dostoiévski)

   
   
  Dostoiévski foi um dos maiores escritores russos  
 
 
 

No texto B, a conjunção todavia é responsável pela relação de oposição entre essas duas informações: " Há duas espécies de jogo" e "..., que tolice tal distinção". Sem a presença de tal conjunção, que poderia ser substituída por equivalentes como porém, contudo, entretanto e no entanto, dificilmente obteríamos a coesão textual.

 
 
 
Texto C

"(...) Mas, logo depois, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capaz de abalar..." ( Discurso Do Método, Descartes, Coleção Os Pensadores)

   
   
  Descartes inaugura a Filosofia Moderna  
 
 
 
Observe que a conjunção logo assinala uma relação de conclusão entre esses dois termos do texto: penso e existo. Uma construção do tipo " eu penso, existo" não nos permitiria estabelecer esta articulação esperada, isto é, não nos autorizaria a concluir que "eu penso e portanto existo". Na produção de textos, faremos com freqüência uso das conjunções, a fim de obtermos maior eficiência do discurso. Estes marcadores de coesão são, pois, indispensáveis àqueles textos que pretendam assinalar expressamente qual o tipo de relação que as suas informações mantêm entre si.