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Modalidade oral e escrita
 
 
 
Como falamos quando estamos em casa e como escrevemos na escola? Você é capaz de perceber as diferenças?
 
 
 
"Sou fio das mata, canto da mão grossa, Trabaio na roça, de inverno e de estio. A minha chupana é tapada de barro. Só fumo cigarro de paia de mio. Sou poeta das brenha, não faço o papé De argum menestré, ou errante canto Que veve vagando, com sua viola, Cantando, pachola, à percura de amo. Não tenho sabença, pois nunca estudei, Apenas eu sei o meu nome assiná. Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre, E o fio do pobre não pode estudá. Meu verso rastero, singelo e sem graça, Não entra na praça, no rico salão, Meu verso só entra no campo e na roça Na pobre paioça, da serra ao sertão. (...)"

Patativa do Assaré - O poeta da roça.
   
   
  Patativa do Assaré  
 
 
 
   
   
  Olavo Bilac  
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac - Língua Portuguesa.
 
 
 
Podemos pensar nos elementos que fazem referência às marcas do autor no texto. Não só de épocas diferentes, mas também de regiões distintas, Patativa do Assaré e Olavo Bilac marcam com suas personalidades as palavras do texto.
No poema de Patativa do Assaré há as marcas de linguagem falada. No de Olavo Bilac, as marcas da modalidade escrita são explícitas.
A escrita, geralmente, segue as regras da linguagem padrão, ou seja, da Gramática ensinada nas escolas, chamada “culta”.