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Contexto histórico
 
 
 
Primeiro de Maio
Abriu o jornal. Havia logo um artigo muito bonito, bem pequeno, falando na nobreza do trabalho, nos operários que eram também os “operários da nação”, é isso mesmo. O 35 se orgulhou todo comovido. Se pedissem para ele matar, ele matava roubava, trabalhava grátis, tomado dum sublime desejo de fraternidade, todos os seres juntos, todos bons... Depois vinham as notícias. Se esperavam “grandes motins” em Paris, deu uma raiva tal no 35. E ele ficou todo fremente, quase sem respirar, desejando “motins” (devia ser turumbamba) na sua desmesurada força física, ah, as fuças de algum ... polícia? Polícia. Pelo menos os safados dos polícias.
Mário de Andrade
 
 
 
O fragmento acima é do conto Primeiro de Maio de Mário de Andrade. O jovem 35, carregador da Estação da Luz, deseja participar das comemorações do Dia do Trabalho, confraternizar com outros “companheiros”. Mas os acontecimentos não eram encorajadores: manifestações, lutas, greves, tanto no exterior quanto no Brasil.
Na década de 20, o Brasil estava em pleno processo de desenvolvimento industrial. A chegada de imigrantes, especialmente italianos, para ser mão-de-obra e o crescimento da demanda por produtos industrializados aceleraram a urbanização e a industrialização. O símbolo desse processo foi a cidade de São Paulo com seu ritmo vertiginoso de crescimento e modernização.
  Fatos históricos importantes:
  • Fundação do Partido Comunista Brasileiro, 1922;

  • Revolta dos militares do Forte de Copacabana, Os Dezoito do Forte (5/7/1922);


  • Tenentismo (1922-24);

  • Coluna Prestes, de Luís Carlos Prestes (1925);

  • Desvalorização do preço do café (1928).
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    As classes marginalizadas ansiavam por transformações, por isso organizaram uma série de greves e movimentos.
    A elite paulistana, comprometida também com o desenvolvimento industrial, ansiava por mudanças. Tais anseios manifestaram-se nos jovens artistas que voltavam da Europa trazendo consigo as novas tendências de vanguarda. Contudo, os modernistas foram repudiados pela elite, que estranhou a nova concepção artística.