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Contexto histórico
 
 
 
O trecho dos Bruzundangas de Lima Barreto é uma sátira à república brasileira. O autor critica a política, o excesso de impostos sobre os produtos, a instabilidade econômica do país. O início do século XX foi marcado pelos avanços tecnológicos na Europa (luz elétrica, telefone) e por tensões políticas que resultaram na 1a Guerra Mundial.
No Brasil, com a Proclamação da República, uma pequena parcela da população ainda mantinha o poder enquanto imperava a pobreza e os negros continuavam marginalizados. Houve, nessa época, uma série de revoltas.
Apesar disso, o Brasil passou também por algumas mudanças: a imigração européia para servir de mão-de-obra e o surgimento de uma nova classe social, o proletariado, trabalhadores assalariados. Além disso, intensificou-se a urbanização, quando pequenas vilas logo se tornaram cidades.
  Os Bruzundangas
A República dos Estados Unidos da Bruzundanga tinha, como todas as repúblicas que se
prezam, além do presidente e juízes de várias categorias, um Senado e uma Câmara de 11 Deputados, ambos eleitos por sufrágio direto e temporários ambos, com certa diferença na duração do mandato: o dos senadores, mais longo; o dos deputados, mais curto.
O país vivia de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobria-se nele um produto que ficava sendo a sua riqueza. Os governos taxavam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabavam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, ela fazia morrer a sua riqueza, mas não sem os estertores de uma valorização duvidosa. Daí vinha que a grande nação vivia aos solavancos, sem estabilidade financeira e econômica; e, por isso mesmo, dando campo a que surgissem, a toda a hora, financeiros de todos os seus cantos e, sobretudo, do seu parlamento.
Lima Barreto