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Introdução
 
 
 
O fragmento ao lado é de um conto de Monteiro Lobato. Você percebe alguma diferença entre o texto de Lobato e o dos romancistas realistas-naturalistas já estudados? Qual é a realidade descrita? Há alguma inovação na linguagem?
A resposta é simples. O que se percebe ao ler o fragmento é que está sendo retratada a realidade brasileira. A realidade de um determinado grupo, os caipiras. Até a linguagem caipira é transcrita em alguns trechos (a gente, restolho, ruinzote).
Monteiro Lobato é um autor pré-modernista. O Pré-Modernismo não foi propriamente uma escola literária, mas uma mudança de perspectiva dos escritores do início do século que se voltaram para realidades regionais.
Embora não compartilhassem os mesmos ideais estéticos e temáticos, denunciaram em suas obras problemas da sociedade brasileira. Buscavam mostrar a realidade do país através de uma análise crítica da situação social, política e econômica. Lima Barreto e Euclides da Cunha foram alguns dos autores que produziram obras desse tipo no país.
Para saber um pouco mais sobre os hábitos, costumes e crenças dos caipiras, assista ao filme A Marvada Carne e se divirta!
  João Teodoro
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E por muito tempo não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
Mas João Teodoro acompanhava com aperto de coração o deperecimento visível de sua Itaoca.
_ Isto foi muito melhor, dizia consigo. Já teve três médicos bem bons _ agora só um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando...
João Teodoro entrou a incubar a idéia de também mudar-se, mas para isso necessitava dum fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível. (...)
Monteiro Lobato