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Realismo em Portugal
 
 
 
O Primo Basílio
Encheu o cachimbo de tabaco maquinalmente, com os olhos vagos, os beiços a tremer; deu alguns passos incertos pelo escritório. De repente arremessou o cachimbo, que despedaçou um vidro da janela, bateu com as mãos desvairado, e atirando-se de bruços para cima da mesa, rompeu a chorar, rolando a cabeça entre os braços, mordendo as mangas, batendo com os pés, louco!
Ergueu-se subitamente; agarrou a carta, ia com ela à alcova de Luísa. Mas a lembrança das palavras de Julião imobilizou-o: que esteja sossegada; nada de frases, nenhuma excitação! Fechou a carta numa gaveta, meteu a chave na algibeira. E de pé, a tremer, com os olhos raiados de sangue, sentia idéias insensatas alumiarem-lhe bruscamente o cérebro, como relâmpagos numa tormenta – matá-la, sair de casa, abandoná-la, fazer saltar os miolos...
Eça de Queirós
 
 
 
O trecho de O Primo Basílio apresenta-nos o exato momento em que Jorge descobre a traição de sua esposa, Luísa. O marido fica furioso, quase enlouquece, pensa até em matá-la. O adultério, a traição amorosa, é um dos temas mais recorrentes na obra de Eça de Queirós.
Para os realistas, a literatura tinha a função de denunciar os problemas da sociedade. Atacavam a burguesia, a monarquia e o clero.
Principais autores realistas
Prosa
Eça de Queirós
Fialho de Almeida
Poesia
Antero de Quental
Guerra Junqueiro
Cesário Verde
  Houve em Portugal uma transformação ideológica e artística em meados do século XIX. Ela foi representada na Questão Coimbrã, polêmica entre conservadores românticos e inovadores realistas. A Questão Coimbrã começou com uma crítica de Antônio Feliciano de Castilho, escritor romântico, contra os jovens escritores de Coimbra. Antero de Quental, líder do grupo, respondeu a Castilho defendendo a nova postura. Essa troca de acusações continuou por algum tempo. Por fim, os jovens divulgaram suas idéias e se tornaram conhecidos como a geração realista.