O cortiço Atravessaram o armazém, depois um pequeno corredor que dava para um pátio calçado, e chegaram finalmente à cozinha. Bertoleza, que havia já feito o jantar dos caixeiros, estava de cócoras no chão, escamando peixe, para a ceia do seu homem, quando viu parar defronte dela aquele grupo sinistro. Reconheceu logo o filho mais velho do seu primitivo senhor e um calafrio percorreu-lhe o corpo. Num relance de grande perigo compreendeu a situação; adivinhou tudo com a lucidez de quem se vê perdido para sempre: adivinhou que tinha sido enganada; que a sua carta de alforria era uma mentira, e que o seu amante, não tendo coragem para matá-la, restituía-a ao cativeiro.Aluísio Azevedo |
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O objetivo principal das obras realistas é traçar um panorama da realidade brasileira. Nesse período, a escravidão e a mestiçagem faziam parte do cotidiano. É o que vemos nesse trecho do romance O cortiço. Bertoleza, companheira de João Romão, pensa que ele comprou sua liberdade (carta de alforria). Mas foi enganada. O filho de seu dono aparece para prendê-la novamente. |
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