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Introdução
 
 
 
Ai eu, coitada, como vivo
En gran cuidado por meu amigo
Que ei alongado! Muito me tarda
O meu amigo na Guarda!
Ai eu, coitada, como vivo
En gran desejo por meu amigo,
Que tarda e non veio! Muito me tarda
O meu amigo na Guarda!
El-rei Sancho I
   
   
   
 
 
 
Esses versos foram escritos entre o século XII e XV. Embora você consiga entender razoavelmente o que o eu-lírico está dizendo, já percebeu que ele não está escrito em português atual.
Os trovadores portugueses compuseram seus primeiros versos em galego-português por volta do século XII. Tanto a poesia quanto a prosa desse período não tinham como objetivo a leitura individual. Eram textos para serem lidos coletivamente (em público) para entreter. A literatura não era lida, era ouvida. Não existiam leitores, mas ouvintes.
 
 
 

As poesias desse tipo eram chamadas de cantigas. Se você ler em voz alta, vai verificar que elas possuem um ritmo. A melodia facilitava ainda mais a memorização das cantigas, que foram se popularizando.
As cantigas se pareciam muito com as atuais músicas que ouvimos todos os dias nos rádios. É preciso lembrar que as músicas nessa época não eram cantadas, não tinham letras, eram apenas melodias tiradas de diferentes instrumentos musicais. As cantigas combinavam poesia e música, letra e melodia.
   
   
   
 
 
 
Veja a letra de uma música famosa e perceba as semelhanças com a cantiga de D.Sancho. As repetições constantes, os refrões e até a temática amorosa aproximam a música de Leandro e Leonardo das cantigas trovadorescas.
A tradição oral preservou também algumas narrativas de cavaleiros andantes, adaptações de relatos estrangeiros.