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L I S E ROMANCE I Pescadores do Mondego, Que girais por essa praia, Se vós enganais o peixe, Também Lise vos engana. Vós ambos sois pescadores, Mas com diferença tanta, Vós ao peixe armais com redes, Ela co olhos vos arma. Vós rompeis o mar undoso: Para assegurar a caça, Ela aqui no porto espera, Para lograr a filada. Vós dissimulais o enredo, Fingindo no anzol a traça, Ela vos expõe patentes As redes, com que vos mata. Vós perdeis a noite, e dia Em contínua vigilância, Ela em um só breve instante Consegue a presa mais alta. Guardai-vos, pois, pescadores, Dos olhos dessa tirana, Que para troféus de Lise Despojos de Alcemo bastam. Enquanto as ondas ligeiras Desta corrente tão clara Inundarem mansamente Estes álamos, que banham, Eu espero, que a memória O conserve nestas águas, Por padrão dos desenganos, Por triunfo de uma ingrata. E na frondosa ribeira Deste rio, triste a alma Girará sempre avisando, Quem lhe soube ser tão falsa.
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